segunda-feira, 11 de março de 2013





VENTO

Onde mora o vento
Que trás seu cheiro
Que eleva os sonhos
Que desfaz o medo

Que arruma engano
Que produz o encanto
Que se faz de santo
Arquitetando planos

Onde mora o vento
Que passou calado
Que fez do futuro
Um presente errado

Que levou quem eu era
E deixou quem sou
Esculpiu saudade
No meu cobertor.   

domingo, 3 de março de 2013







VILIPÊNDIO

Sob a luz fraca
Que não ilumina nada
No conforto desarrumado
Das roupas jogadas na cama

Ela fez versos tão de repente
Movida a um ódio sem igual
Não despistou suas lembranças
Nem tão pouco se sentiu melhor

Marcou seu braço com agulhas
Implorou silêncio à sua alma
Tentou chorar sem ruídos
Tentou ligar não tinha amigos.

Sob a luz fraca
Digerindo o que havia ouvido
Mesmo em seu ninho
Não sentiu que tinha abrigo.

Analisou desenhos na parede
E riu do que era então artístico
Sentiu nojo do seu mundo
Do seu canto sem ouvido.

Ela sabia que estava só
Algemada à solidão
Com seus gritos agoniantes
Que não chamavam atenção.