domingo, 30 de setembro de 2012






CORAÇÃO SACANA

Este meu coração sacana,
Ao mesmo tempo tão inocente.
Que se embriaga com vinhos baratos
E declama versos tão decadentes
- Nunca soube o que é sentir-se cheio...

Vagou vazio, em noites frias,
Numa leitura de Dostoiévski.
Jogar poesia em tristes faces.
Triste ilusão de quem escreve.

Este meu coração sacana,
Que me engana e me aborrece.
Diz que a lua é promiscua,
A todo mundo se oferece.
- Não sabe que a noite não perdura.

É sempre solitário
Quem ama muita gente.
A felicidade fecha a porta,
E a tristeza nunca ausente.

Este meu coração sacana,
Que fingi não entender,
Que viver é sempre o simples,
Ser simples é viver!

sábado, 29 de setembro de 2012







BARCO À ESMO

Esses remos não me obedecem mais
Sigo a esmo, conformado.
E em paz!
Sou uma bussola sem ponteiros.

Desafio comprovações científicas
Olhando para o céu...
Rabiscando versos sem sentido
No único pedaço de papel.

E se ninguém me ouve,
Irei proclamar meus versos
Na proa do barco, em meio ao mar deserto.
Ninguém julgará minhas lágrimas.

Faço do balanço das águas
O embalo de sono
-como o de criança.
Permito-me a entrada da inocência.

Não sei onde as ondas me levarão
Se não sei o destino,
Não tenho pressa para chegar
Faço da embarcação meu lar.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012






14 DE SETEMBRO

A inconveniente insônia me tortura
É tão seu agora o meu pensamento.
São rotinas das minhas noites duras
Capricho ávido de um coração sedento.

Versos que vem e que me levam tudo.
No constrangimento peculiar da poesia
Observo aos poucos chegar o sol,
Despeço-me com pesar da lua fria.

E assim, se vai mais uma noite perdida,
Pudera com ela ir todas estas linhas escritas,
E a chata insistência do meu pensamento
Je ne peux pas arrêter de penser à vous!

domingo, 23 de setembro de 2012








PERDIDO ONDE SEI

Brinco agora com o destino
Permito-me ser guiado
Perco-me nas águas
Da ironia dos meus passos.

Sou essa antologia
De versos errados. E alguns...
Certos, Talvez... Quem sabe?!
Deixo a conclusão para quem lê.

Aprecio o café rotineiro
O elixir d’alma.
Bebida típica dos guerreiros.

Não tenho que saber quem sou,
Mantenho essa loucura sã.
Sou o ontem, o hoje, e quem sabe o amanhã.

terça-feira, 18 de setembro de 2012





SOLIDÃO PROPOSITAL

Vou pintando esses versos,
Com singelas gotas de sangue.
Dissolvo o excesso em lágrimas
Sou eu, e essa tela de solidão.

A escuridão da noite confunde meus olhos
Minha mente prega peças.
Minhas mãos se movimentam sozinhas
Outro dilema se apresenta em linhas tortas.

Não troco dias como estes por sorrisos vagos,
É na insanidade deprimente da solidão
Que brotam do peito - essa terra que antes infértil,
Uma esperançosa inspiração.

Sou só eu, e a solidão do quarto.
-o resto do mundo trancado do lado de fora.
Ouço risadas, ouço gritos... Gritos de alegria, de gloria!
Mas nada me convence hoje,
Que o mundo aqui dentro é pior que lá fora.

*DI SILVA

domingo, 16 de setembro de 2012



IPÊ AMARELO


Agora floreia, brilha e é intensa.
Flores de imenso encantamento
Nas mais diferentes paisagens.
É só teu os olhos sem maldades.

Mal lembram agora do teu inverno,
Dos galhos secos, flagelados...
Das noites frias...
Manhãs amargas e sem pássaros.

Sinto-me como você,
Aguardando minha primavera,
Esperando algo de belo florir.
- Mas... Dura de mais este meu inverno.

Fico então a admirar tua beleza,
Com uma vaga esperança.
De que seja como a tua a minha vida.
- Dos galhos desajeitados e secos
A mais perfeita sublime elegância.

*DI SILVA

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

INEVITÁVEL VERSOS 

Nenhum espaço é pouco,
Ou tempo curto...
Se o coração se deixa frouxo
Inevitável é se perder.

Nenhum olhar engana,
Por melhor que seja a trama.
Segredos são entregues 
Pra quem melhor sabe entender

Arbitrariedade da vontade presa
Sugere ideia louca,
E louca pela boca
Mais difícil de ter...

Todo pé de armário
Tem uma criança boba
Que se estica como nunca
Pra alcançar o que mal ver.

O medo prende o passo
O coração liberta alma
O poeta chora em cinco estrofes
A mais desesperadora calma.

*DI SILVA