sexta-feira, 28 de novembro de 2014

NÃO GRITE

Pare de gritar
Meu pensamento
Não é surdo.

Te ouço de onde durmo
Até mesmo,
Te ouço de onde fujo.

Teu sorriso fala alto
E eu aqui,
Autoflagelação...

Por isso, amor
Eu censuro
A angústia de pensar...

Não grite.
A chuva é fina
Mas é fria sua neblina.

Minha recusa em ouvi-la
Tragou tua voz
Pensei em pensar...

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

DOCE AMADA LUA


DOCE AMADA LUA

A minha doce amada lua,
Que no céu arranca-me suspiro
Pudera eu, um dia em meus versos,
Poetizar em meu peito o teu sorriso.

Quem dera eu fosse como poetas de outrora
Ter a exatidão dos versos precisos
E em um só gesto, escrevendo no escuro,
Trazer-te teu rosto junto aos meus escritos.

Amo-te mesmo nessa distância errante,
Um amor urgente ao desconhecido astro.
Amo-te antes mesmo de sentir tua face.
Amo-te aqui e, em qualquer parte.

Espero que entenda esse poeta inútil
Que hoje ousa escrever-te versos
É que andei tanto tempo sem lua
Que minha ânsia em tê-la é incurável.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

INSÔNIA, SONHO E FRIO


INSÔNIA, SONHO E FRIO

Para onde vão os sonhos que eu não tive,
Que se perdem na insônia amiúde.
Em que mar se afoga meus desejos,
Todos meus sonhos que não pude?

Será que vão dançar ao vento?
Sonhos que se dissolvem no tempo,
Sonhos de um desejo qualquer...
Sonhos de rima e de fé.

Assisto ao filme em preto e branco
No teto do quarto vazio.
Nele às lembranças se perdem...

Na fuga do sonho, surge o frio.
Às expectativas se rendem
Sem sono, sem sonho e com frio.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014


A VOZ QUE QUEBRA O SILÊNCIO DA ANGÚSTIA

Silêncio, silêncio, silêncio!
Sua voz ultrapassa as paredes,
Invade meu peito. Mágica...
Dance em meus ouvidos, dance?
Olho perplexo a lua, doce lua.
Um sentimento renovador, silêncio!
Onde mora o vento?
Onde mora você?
Tenho me perdido no tempo,
Preenchendo-me de vazios,
Andando por vales escuros e tristes,
Onde sua voz não podia chegar.
E essa minha alma interiorana
Que observava tudo de soslaio,
Hoje fez festa ao ouvir-te ao longe...
Silêncio, silêncio, silêncio!
Grito pedindo silêncio,
Na floresta fria de minhas angústias:
- Silêncio, silêncio... Ela vai...
... E a lua sorrir por ouvir-te falar!


sexta-feira, 3 de outubro de 2014


ANALGÉSICO

Amansar gritos d´alma
Com sinfonias que espancam
A tortuosa angustia
Do meu coração em silêncio.

Encurtar braços sedentos
Endireitar passos em laços
Cobrir feridas em algodão.

Parar o tempo na hora errada
Perder-me onde me encontro
Adoçar a saliva do beijo
Que ficou abandonado sem canto
No canto calou-se o encanto.

Muda para o outro lado da rua,
quase que muda.
Mas não tira os olhos da lua,
quase que nua.


quarta-feira, 24 de setembro de 2014


ALUCINAÇÕES DE UM BOÊMIO FRUSTRADO   

Hoje à tarde eu bati um papo, com Caetano, Chico e Vinicius. Papo meio estranho, sabe? Eu ali, contando minhas perdas e eles em um silêncio prolixo. Às vezes tenho dessas coisas, de andar por aí em um confronto sangrento contra eu mesmo. Nessa hora, Vinicius sorriu: contou-me sobre tal garota de Ipanema, sobre seus dilemas em bares do Leblon.
Até me falou sobre uma história muito engraça que aconteceu com o amigo Tom... Bom, melhor não entrar em detalhes. Acho que é algo pessoal.
Lá pelas 4 da madrugada. Enquanto o Chico desenvolvia uma paquera mutua com a garçonete do Antônio, resolvi que devia partir. Pedi a saideira, como sempre, Vinicius e Caetano fizeram essa suposta saideira se transformar em umas cinco. Não fiz desfeita. Mandei para o peito essas doses sofridas e, parti só. Rumo a minha consciência sem graça de um assalariado falido.
Eu e minhas frustrações de um boêmio fudido....

quinta-feira, 11 de setembro de 2014


O ESPETÁCULO

Dancei com minha própria sombra
Acabei-me na minha amiúde insônia
Fiz fantasias com meus próprios trapos
Sejam bem vindos ao meu espetáculo!

Ergui a taça, fiz brinde ao desespero.
Gritei tão alto que rachei o espelho
Fiz vinte versos de fúria em excesso
Pus fogo em todos, fagulhas de tédio.

Marquei meu corpo, suor das palavras.
Fiz dos lençóis lonas de circo
Abri a janela do meu picadeiro;
Aplaudam de pé o palhaço ferido.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014


POESIA PERDIDA

Não me resta muito tempo aqui
Já não sei qual poesia em minha mente
Eu devo focar, eu devo seguir...
Deixo minhas mãos serem guiadas.

Ando indignado com a beleza das coisas
De fato, nunca vi o mundo tão belo.
Acho que observar tudo, tão lindo,
Em uma possível ausência minha, me entristece.

Aproximo-me da janela de um prédio,
Observo a cidade e, essa imensidão vazia.
Queria tanto ser o pássaro que passa e nem olha.
Partir livre, sem me importar com nada.

Perdi-me no motivo desta poesia,
Fui traído pelos meus próprios versos
Então, encerro aqui esse diálogo.
Que o resto em mim, permaneça em segredo.

domingo, 7 de setembro de 2014


DIGA-ME QUE PENSA

Ah, minha humilde poetiza.
Que em suas cortinas escreve versos
E, em seu medo descreve o retrocesso,
Que há em minha poesia desenganada.

Diz-me na leveza de tuas falas
Que ainda saboreia o gosto do meu rosto
E que desmorona em seu sofá desprotegido,
À angústia dos meus versos em segredo.

Conte-me em choro ao pé do ouvido,
Que decora meus poemas escondida
Entre o armário das tuas coisas com sentido,
Ei de cravar minha voz em teu descanso.

Ei de morrer nos descasos dos seus braços
Alimentar à fúria dos seus medos.
E quando a lua, permanentemente nua ficar,
Ei de vesti-la com a seda dos meus desejos.

II

Há no mundo quem escreva versos para mim?
Quem na solidão de tua penumbra,
Ache graça no desajeitado rosto de silêncio,
Que veste roupas com a humildade do tempo?

Meus devaneios tatuam teu nome,
Em letras cursivas, com caprichos.
É quase uma utopia esperar-te na praça,
Onde nasceu seu encanto, partiu-se meu riso.

Use a quentura que aclamo em tua chama,
Para queimar-te os meus sorrisos em mente.
Assim, morro lentamente em tua porta.
Para que renasça em rios sem correntes.

Grite meu nome ao relento da escuridão,
Diga que sabe todos meus versos.
Assim, no desprovimento do mundo,
Eu possa surgir entrelinhas em seu coração.

sábado, 6 de setembro de 2014


A INCOMPREENSÃO DA SAUDADE

Sabe sonho demais com a saudade.
E, a saudade é sentimento incompreendido.
Que nos mata ao amanhecer, devora-nos...
Sonho demais com seu sorriso preciso.
Preciso!
Preciso desta rima imprecisa
Onde meus gestos lhe chamam
No silêncio que me és o seu canto.
Cante para mim o teu mantra.
Derrama-me!
Derrama-me em tua cama,
Sem pensar em teus dramas.
Chama-me de poeta tímido...
E desvenda meus olhos calados.
Desvende-me!
Desvenda-me antes que eu me devore,
Antes que o sol se apavore de vez.
E deixe de esperar pela lua.
Antes que eu me venda em leilões.
Venda-me!
Venda-me ou, me venda.
Nas vielas de Veneza, de alguma Tereza,
Que chora o amor tardio nas janelas...
Deixe-me!
Deixe-me nas páginas rasgadas,
Entre o meio do livro e a palavra grifada.
Serei os versos na porta do banheiro,
Escritos com o batom da tua fala.
Seremos!

NÃO POSSO MORRER DE AMOR

Não morrerei de amor, não.
Mesmo que em meu pranto
Tenha o vermelho do sangue
E, a angústia dos versos.

Não. Não morrerei de amor.
Garanto-lhe!
Mesmo que nas paredes brancas,
Formem seu rosto ao dormir.

Não morremos de amor.
Não. Não podemos.
Mesmo que meu coração
Componha melodias com teu nome.

Não posso morrer de amor. Não!
Como um herói, vou resistindo.
Mesmo que todo ar que eu respire
Tenha resquícios do teu perfume.

Não me deixes morrer de amor,
Eu lhe suplico!
Mesmo que eu minta dizendo:
- Não penso mais em você!

Deus! Eu não posso morrer de amor!
Não. Não posso!
Mesmo que em prece, ajoelhado,
Eu lhe implore que apresse o adeus.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014



VOCÊ ENTRE O SOL E A LUA

Quem prendeste essa âncora
Nas horas lentas do meu peito?
Quem varrerá a varanda coberta de folhas,
Onde abandonastes o mel que mora em teus beijos?

Ah preta! Meus olhos andam em ti demais.
Quase não os vejo.
Meus pensamentos já te pertencem
Meu coração há tempos só pulsa teu nome.

É que eu te amo, sabe?
Amar não tem sido fácil pra mim.
Tenho aprendido de novo
A desenhar corações na areia das praias desta vida.

Ah preta, teu beijo é o que perpetua em mim
A saudade de tudo que você me trás
A saudade de mim, do mundo sem teu sorriso;
E do perfume que embebeda os anjos.

Se tu soubesse a saudade; a saudade que arrasa,
Essa ilha ao desalento que eis meu peito.
Você é a infinita doçura
Que existe entre o sol e a lua.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014


O LÍRIO, O POETA E O JARDIM

l

Toco-lhe a face como quem toca uma flor
Tentando caricias sem que lhe tire pétalas
Sou esse eu que te protege de mim
Das minhas angustia e proposital solidão.

Beijo-lhe os lábios como quem assopra uma sopa
Desejo senti-la, sem que derrube-a ao chão.
Sou esse eu que lhe provoca o afago
Sem que às minhas ânsias nos roube a razão.

Faço de nós a distância que se desfaz
No encontro de almas, braços e tronco.
Em um primeiro passo de valsa e encanto.

Seremos nós, a clássica inspiração.
Dos poetas que um dia descreveram
Às estripulias de dois corações.

II

Quantos sóis cabem em um único jardim?
Terei eu, mãos suficientes, para cultivar lhe,
Às folhas que lhe garante a beleza,
Dignas de longas poesias sinceras?

Ah lírio! Lírio que tanto canta e encanta.
Que andaste sempre nos versos calados
Eterna culpada da amiúde insônia serena.
Do poeta que lhe eterniza na ponta da pena.

Um dia, mostro-lhe no impulso do desespero,
Às rimas com seu nome no meu peito
Os versos em vapor, no espelho do banheiro.

Um dia, laço de algum jeito aquela lua,
Que de intrusa, nos espiava lá de cima.
Deixo-a de surpresa na tua rua.