sábado, 21 de dezembro de 2013



SÓ VOCÊ

I

Em vão deito-me em minha cama
O sono demora vir aos que amam.
A saudade hoje é um carrasco
Há chicotear-me pelas costas.

Corro em suas lembranças pela casa
Farejo o teu cheiro em minhas roupas.
Coração que faz batuque com suas falas
Quase explode se ao acaso eu lhe ouço.

O que fez de mim será magia?
Fácil me aprisionou em teus encantos.
Transformou-me o pranto em alegria
Desenhou poesia em todo canto.

Eu, pobre poeta de tantas andanças.
Que gastei minhas noites em versos sem notas.
Hoje anoto meus versos em suas lembranças
Para que seja eterno teu nome em minha pauta.

II

Como esquecer–me de lembrar suas lembranças
Lembrar-se de esquecer que há esperança
Que esses dias tão longos que lento passam
Possam trazer-te em meus braços para uma dança.

É certo que os meus passos já não se encontram
De alguma maneira se perdem onde você passa
E ao passar no rastro que você deixa
Se prendem ao perfume doce que de ti exala.

Como me sinto frágil em seus braços
Mas protegido em teu amor me dado.
E quando a lua desenha teu rosto, no céu azul,
Escreverei poesias, por toda noite, em teu corpo nu.

III

Escravizado? é o que sou, e com orgulho.
Pois já não sei achar beleza em nada
Nada além de você, nada!
São só teus olhos, que me tiram a fala.

Ai de mim, poeta decadente.
Ei de versar teus olhos, antes da noite.
Pare que surjam olhos de estrelas cadentes
A realizar meus sonhos tão docemente.

E no silêncio perpétuo deste meu quarto frio
Ei de ouvir teu riso, teu canto infinito.
Para que assim se alegre o jardim que é meu peito.
E que renasçam flores que tenham teu cheiro.

IV

Diz-me, doce flor de formosura.
Como poderei tornar-te eterna em minha chama?
Será que guarda os versos que a ti declamo?
Será que em mim pensas, ou me ama?

Sento-me na janela do quarto
Folhas voam com versos em pedaços.
E os meus olhos que lacrimejam de saudade
Procuram-lhe no céu, entre estrelas que em brilho, ardem.

Sou teu! Seu, e humildemente peço que seja minha.
Que me deixe olhar os teus olhos me olhando
Explorar os mistérios em teus lábios
Ser parte de ti, em tua vida, planos e sonhos.

V

Só você para curar minha carência
Ritmar meu peito, adormecer meu medo.
Curar-me da angustia de versar a solidão.
Só você, somente você em meu coração!

Só tu és capaz de mudar o rumo
Do navio que outrora navegava calado
Ao levar-me só ao abismo do mundo.
- Eu partia só. Sem poesia, sem mundo!

Somente você conhece a profundeza deste mar
Percorres-te ao fundo e iluminastes o lugar
Hoje a maré anda alta para estranhos.
E só você tem permissão para entrar.

Ah! Um dia me transformo em seu colchão
Abraço-lhe de noite. Beijo-te o coração.
Farei poesia em teu corpo nu.
Desenharei teu rosto no céu azul!


O QUE É?
AMOR

I
É o som mais agradável
Entre todos os ruídos.
O equilíbrio entre as cores
Mais improváveis.

O gesto agressivo que
Que se torna suave.
É o perfume do campo
Na mais bruta cidade.

É sorrir entre lágrimas
Prosa, versos sem palavras...
O amor é o mundo
No corredor apertado de casa.

II
É uma saudade criativa
No peito de quem não dorme
É a liberdade possessiva
Na prisão feita de flores.

O mais amargo doce.
O sonho mais desejado!
O amor é o furacão ativo
No coração de quem sofre calado.

É o andar errado por linhas certas
No mais certo caminho errado
O amor é o universo
No angustiante silêncio do quarto.

III
Pobre do poeta,
Que nesse mar mergulhou
Versou ondas encertas...
De fato, incerto é o amor!

Só mesmo a loucura
Para explicar um coração.
Só mesmo um coração
Para explicar uma loucura.

Amar é abrir mão do mundo
Para se perder em uma rua,
Para se perder em um portão,
Para se perder em um colchão!

IV
O amor é um castelo erguido
Nas mais frágeis placas tectônicas.
Segura insegurança dos corpos
Que se fundem em um abraço.

O amor é um arco-íris
De infinitas cores.
Um choro de alegria...
 Mil e um de dores.

O amor é a saudade nos meus olhos!
A boca seca de alguém,
As mãos que tremem por algum,
O amor é a imperfeição comum!

V
O amor é a distância
Entre o beijo de bom dia
E o beijo de despedida.
O amor é a saudade da vida!

O amor é a nota Sol.
É o edredom ao pé da cama.
O filme em preto e branco.
O amor sempre é chama!

O amor é o meio do livro.
É chuva de verão.
O amor é cada gotinha de sangue,
Que faz funcionar um coração.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013



IMAGINAÇÃO

Imagino nos dois aqui
Vendo o frio sentir calor
- Oh, perdão impossível,
Perdoa-nos sem pudor.

Imagino você cantando
Como a tanto não faz...
Imagino o seu abraço,
Não imagina a falta que faz!

Imagina nos dois agindo
Como antes na impulsividade
Imagino você sorrindo
Nem imagina quanta saudade!


segunda-feira, 16 de dezembro de 2013



SAUDADE SEM JEITO

E eu fui tão longe; andei tanto.
Mas tanto ainda dentro de mim.
Pisei tão fundo em passos largos
Mas passei tão perto daqui.

Pintei seu muro com outras cores
E foram tantas cores sem fim.
E mesmo longe sendo tão perto
A saudade é sempre ruim!

Olhei-te tão fundo nessa cidade
E tão fundo não pude te ver.
Batizei o mundo com essa saudade
A saudade sem fim que é você.

Só me resta lhe beijar em versos
Versar o frio que me aperta o peito.
Serás minha prosa, crônica ou poesia.
Porque essa saudade hoje não tem jeito...


sexta-feira, 13 de dezembro de 2013




CAIA TEMPESTADE

 Caia tempestade, caia! Derrame sobre mim suas lágrimas frias. Lava-me o rosto e o desânimo desta vida sem sentido, que eu já não sinto e nem percebo.  Caia em mim com toda sua fúria tempestade. Que seja gelada como a saudade dos poucos dias em que me senti vivo. Que seja constante. Que eu me sinta, ao menos hoje, menos insignificante. Que tenha razão esses meus passos que se perdem na poeira indelicada deste asfalto.
  Caia tempestade, caia! Caia para que eu me erga, e, me exalte além dos muros de concreto que a inércia desta vida construiu ao meu redor. Observo um morador de rua se encolhendo de frio, e eu o invejo. Invejo-o por conseguir sentir algo. Por sentir frio, por sentir fome, por sentir sono... E eu? Esse pedaço de coisa alguma que não senti coisa alguma. Por isso, tempestade, caia! Eu lhe imploro!!!
   Três horas da madrugada, meus pés ainda, nem perto de encontrar-me. Vago como um pote vazio e sem fundo. Vago no mundo, vazio ao fundo. Andorinha em pleno inverno, pairando sobre o marasmo do tédio. Caia tempestade, caia! Caia antes que eu caia e me misture a essa neblina crua, me perca mais do que agora, misturando-me a sujeira da rua. Caia tempestade, caia! Livre-me deste automático. Deste gosto de ácido que vem do estomago, da ânsia de um pecado que me esfrie a espinha, da falta de cheiro que hoje tem meu sangue. Caia tempestade, caia! Cai antes que alguém me ame.