SÓ VOCÊ
I
Em vão deito-me em
minha cama
O sono demora vir
aos que amam.
A saudade hoje é
um carrasco
Há chicotear-me
pelas costas.
Corro em suas
lembranças pela casa
Farejo o teu
cheiro em minhas roupas.
Coração que faz
batuque com suas falas
Quase explode se
ao acaso eu lhe ouço.
O que fez de mim
será magia?
Fácil me
aprisionou em teus encantos.
Transformou-me o
pranto em alegria
Desenhou poesia em
todo canto.
Eu, pobre poeta de
tantas andanças.
Que gastei minhas
noites em versos sem notas.
Hoje anoto meus
versos em suas lembranças
Para que seja
eterno teu nome em minha pauta.
II
Como esquecer–me
de lembrar suas lembranças
Lembrar-se de
esquecer que há esperança
Que esses dias tão
longos que lento passam
Possam trazer-te
em meus braços para uma dança.
É certo que os
meus passos já não se encontram
De alguma maneira
se perdem onde você passa
E ao passar no
rastro que você deixa
Se prendem ao
perfume doce que de ti exala.
Como me sinto
frágil em seus braços
Mas protegido em
teu amor me dado.
E quando a lua
desenha teu rosto, no céu azul,
Escreverei poesias,
por toda noite, em teu corpo nu.
III
Escravizado? é o
que sou, e com orgulho.
Pois já não sei
achar beleza em nada
Nada além de você,
nada!
São só teus olhos,
que me tiram a fala.
Ai de mim, poeta
decadente.
Ei de versar teus
olhos, antes da noite.
Pare que surjam
olhos de estrelas cadentes
A realizar meus
sonhos tão docemente.
E no silêncio
perpétuo deste meu quarto frio
Ei de ouvir teu
riso, teu canto infinito.
Para que assim se
alegre o jardim que é meu peito.
E que renasçam
flores que tenham teu cheiro.
IV
Diz-me, doce flor
de formosura.
Como poderei
tornar-te eterna em minha chama?
Será que guarda os
versos que a ti declamo?
Será que em mim
pensas, ou me ama?
Sento-me na janela
do quarto
Folhas voam com
versos em pedaços.
E os meus olhos
que lacrimejam de saudade
Procuram-lhe no
céu, entre estrelas que em brilho, ardem.
Sou teu! Seu, e
humildemente peço que seja minha.
Que me deixe olhar
os teus olhos me olhando
Explorar os
mistérios em teus lábios
Ser parte de ti,
em tua vida, planos e sonhos.
V
Só você para curar
minha carência
Ritmar meu peito,
adormecer meu medo.
Curar-me da
angustia de versar a solidão.
Só você, somente
você em meu coração!
Só tu és capaz de
mudar o rumo
Do navio que
outrora navegava calado
Ao levar-me só ao
abismo do mundo.
- Eu partia só.
Sem poesia, sem mundo!
Somente você
conhece a profundeza deste mar
Percorres-te ao
fundo e iluminastes o lugar
Hoje a maré anda
alta para estranhos.
E só você tem
permissão para entrar.
Ah! Um dia me
transformo em seu colchão
Abraço-lhe de
noite. Beijo-te o coração.
Farei poesia em
teu corpo nu.
Desenharei teu
rosto no céu azul!