quarta-feira, 24 de setembro de 2014


ALUCINAÇÕES DE UM BOÊMIO FRUSTRADO   

Hoje à tarde eu bati um papo, com Caetano, Chico e Vinicius. Papo meio estranho, sabe? Eu ali, contando minhas perdas e eles em um silêncio prolixo. Às vezes tenho dessas coisas, de andar por aí em um confronto sangrento contra eu mesmo. Nessa hora, Vinicius sorriu: contou-me sobre tal garota de Ipanema, sobre seus dilemas em bares do Leblon.
Até me falou sobre uma história muito engraça que aconteceu com o amigo Tom... Bom, melhor não entrar em detalhes. Acho que é algo pessoal.
Lá pelas 4 da madrugada. Enquanto o Chico desenvolvia uma paquera mutua com a garçonete do Antônio, resolvi que devia partir. Pedi a saideira, como sempre, Vinicius e Caetano fizeram essa suposta saideira se transformar em umas cinco. Não fiz desfeita. Mandei para o peito essas doses sofridas e, parti só. Rumo a minha consciência sem graça de um assalariado falido.
Eu e minhas frustrações de um boêmio fudido....

quinta-feira, 11 de setembro de 2014


O ESPETÁCULO

Dancei com minha própria sombra
Acabei-me na minha amiúde insônia
Fiz fantasias com meus próprios trapos
Sejam bem vindos ao meu espetáculo!

Ergui a taça, fiz brinde ao desespero.
Gritei tão alto que rachei o espelho
Fiz vinte versos de fúria em excesso
Pus fogo em todos, fagulhas de tédio.

Marquei meu corpo, suor das palavras.
Fiz dos lençóis lonas de circo
Abri a janela do meu picadeiro;
Aplaudam de pé o palhaço ferido.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014


POESIA PERDIDA

Não me resta muito tempo aqui
Já não sei qual poesia em minha mente
Eu devo focar, eu devo seguir...
Deixo minhas mãos serem guiadas.

Ando indignado com a beleza das coisas
De fato, nunca vi o mundo tão belo.
Acho que observar tudo, tão lindo,
Em uma possível ausência minha, me entristece.

Aproximo-me da janela de um prédio,
Observo a cidade e, essa imensidão vazia.
Queria tanto ser o pássaro que passa e nem olha.
Partir livre, sem me importar com nada.

Perdi-me no motivo desta poesia,
Fui traído pelos meus próprios versos
Então, encerro aqui esse diálogo.
Que o resto em mim, permaneça em segredo.

domingo, 7 de setembro de 2014


DIGA-ME QUE PENSA

Ah, minha humilde poetiza.
Que em suas cortinas escreve versos
E, em seu medo descreve o retrocesso,
Que há em minha poesia desenganada.

Diz-me na leveza de tuas falas
Que ainda saboreia o gosto do meu rosto
E que desmorona em seu sofá desprotegido,
À angústia dos meus versos em segredo.

Conte-me em choro ao pé do ouvido,
Que decora meus poemas escondida
Entre o armário das tuas coisas com sentido,
Ei de cravar minha voz em teu descanso.

Ei de morrer nos descasos dos seus braços
Alimentar à fúria dos seus medos.
E quando a lua, permanentemente nua ficar,
Ei de vesti-la com a seda dos meus desejos.

II

Há no mundo quem escreva versos para mim?
Quem na solidão de tua penumbra,
Ache graça no desajeitado rosto de silêncio,
Que veste roupas com a humildade do tempo?

Meus devaneios tatuam teu nome,
Em letras cursivas, com caprichos.
É quase uma utopia esperar-te na praça,
Onde nasceu seu encanto, partiu-se meu riso.

Use a quentura que aclamo em tua chama,
Para queimar-te os meus sorrisos em mente.
Assim, morro lentamente em tua porta.
Para que renasça em rios sem correntes.

Grite meu nome ao relento da escuridão,
Diga que sabe todos meus versos.
Assim, no desprovimento do mundo,
Eu possa surgir entrelinhas em seu coração.

sábado, 6 de setembro de 2014


A INCOMPREENSÃO DA SAUDADE

Sabe sonho demais com a saudade.
E, a saudade é sentimento incompreendido.
Que nos mata ao amanhecer, devora-nos...
Sonho demais com seu sorriso preciso.
Preciso!
Preciso desta rima imprecisa
Onde meus gestos lhe chamam
No silêncio que me és o seu canto.
Cante para mim o teu mantra.
Derrama-me!
Derrama-me em tua cama,
Sem pensar em teus dramas.
Chama-me de poeta tímido...
E desvenda meus olhos calados.
Desvende-me!
Desvenda-me antes que eu me devore,
Antes que o sol se apavore de vez.
E deixe de esperar pela lua.
Antes que eu me venda em leilões.
Venda-me!
Venda-me ou, me venda.
Nas vielas de Veneza, de alguma Tereza,
Que chora o amor tardio nas janelas...
Deixe-me!
Deixe-me nas páginas rasgadas,
Entre o meio do livro e a palavra grifada.
Serei os versos na porta do banheiro,
Escritos com o batom da tua fala.
Seremos!

NÃO POSSO MORRER DE AMOR

Não morrerei de amor, não.
Mesmo que em meu pranto
Tenha o vermelho do sangue
E, a angústia dos versos.

Não. Não morrerei de amor.
Garanto-lhe!
Mesmo que nas paredes brancas,
Formem seu rosto ao dormir.

Não morremos de amor.
Não. Não podemos.
Mesmo que meu coração
Componha melodias com teu nome.

Não posso morrer de amor. Não!
Como um herói, vou resistindo.
Mesmo que todo ar que eu respire
Tenha resquícios do teu perfume.

Não me deixes morrer de amor,
Eu lhe suplico!
Mesmo que eu minta dizendo:
- Não penso mais em você!

Deus! Eu não posso morrer de amor!
Não. Não posso!
Mesmo que em prece, ajoelhado,
Eu lhe implore que apresse o adeus.