sábado, 21 de dezembro de 2013



SÓ VOCÊ

I

Em vão deito-me em minha cama
O sono demora vir aos que amam.
A saudade hoje é um carrasco
Há chicotear-me pelas costas.

Corro em suas lembranças pela casa
Farejo o teu cheiro em minhas roupas.
Coração que faz batuque com suas falas
Quase explode se ao acaso eu lhe ouço.

O que fez de mim será magia?
Fácil me aprisionou em teus encantos.
Transformou-me o pranto em alegria
Desenhou poesia em todo canto.

Eu, pobre poeta de tantas andanças.
Que gastei minhas noites em versos sem notas.
Hoje anoto meus versos em suas lembranças
Para que seja eterno teu nome em minha pauta.

II

Como esquecer–me de lembrar suas lembranças
Lembrar-se de esquecer que há esperança
Que esses dias tão longos que lento passam
Possam trazer-te em meus braços para uma dança.

É certo que os meus passos já não se encontram
De alguma maneira se perdem onde você passa
E ao passar no rastro que você deixa
Se prendem ao perfume doce que de ti exala.

Como me sinto frágil em seus braços
Mas protegido em teu amor me dado.
E quando a lua desenha teu rosto, no céu azul,
Escreverei poesias, por toda noite, em teu corpo nu.

III

Escravizado? é o que sou, e com orgulho.
Pois já não sei achar beleza em nada
Nada além de você, nada!
São só teus olhos, que me tiram a fala.

Ai de mim, poeta decadente.
Ei de versar teus olhos, antes da noite.
Pare que surjam olhos de estrelas cadentes
A realizar meus sonhos tão docemente.

E no silêncio perpétuo deste meu quarto frio
Ei de ouvir teu riso, teu canto infinito.
Para que assim se alegre o jardim que é meu peito.
E que renasçam flores que tenham teu cheiro.

IV

Diz-me, doce flor de formosura.
Como poderei tornar-te eterna em minha chama?
Será que guarda os versos que a ti declamo?
Será que em mim pensas, ou me ama?

Sento-me na janela do quarto
Folhas voam com versos em pedaços.
E os meus olhos que lacrimejam de saudade
Procuram-lhe no céu, entre estrelas que em brilho, ardem.

Sou teu! Seu, e humildemente peço que seja minha.
Que me deixe olhar os teus olhos me olhando
Explorar os mistérios em teus lábios
Ser parte de ti, em tua vida, planos e sonhos.

V

Só você para curar minha carência
Ritmar meu peito, adormecer meu medo.
Curar-me da angustia de versar a solidão.
Só você, somente você em meu coração!

Só tu és capaz de mudar o rumo
Do navio que outrora navegava calado
Ao levar-me só ao abismo do mundo.
- Eu partia só. Sem poesia, sem mundo!

Somente você conhece a profundeza deste mar
Percorres-te ao fundo e iluminastes o lugar
Hoje a maré anda alta para estranhos.
E só você tem permissão para entrar.

Ah! Um dia me transformo em seu colchão
Abraço-lhe de noite. Beijo-te o coração.
Farei poesia em teu corpo nu.
Desenharei teu rosto no céu azul!


O QUE É?
AMOR

I
É o som mais agradável
Entre todos os ruídos.
O equilíbrio entre as cores
Mais improváveis.

O gesto agressivo que
Que se torna suave.
É o perfume do campo
Na mais bruta cidade.

É sorrir entre lágrimas
Prosa, versos sem palavras...
O amor é o mundo
No corredor apertado de casa.

II
É uma saudade criativa
No peito de quem não dorme
É a liberdade possessiva
Na prisão feita de flores.

O mais amargo doce.
O sonho mais desejado!
O amor é o furacão ativo
No coração de quem sofre calado.

É o andar errado por linhas certas
No mais certo caminho errado
O amor é o universo
No angustiante silêncio do quarto.

III
Pobre do poeta,
Que nesse mar mergulhou
Versou ondas encertas...
De fato, incerto é o amor!

Só mesmo a loucura
Para explicar um coração.
Só mesmo um coração
Para explicar uma loucura.

Amar é abrir mão do mundo
Para se perder em uma rua,
Para se perder em um portão,
Para se perder em um colchão!

IV
O amor é um castelo erguido
Nas mais frágeis placas tectônicas.
Segura insegurança dos corpos
Que se fundem em um abraço.

O amor é um arco-íris
De infinitas cores.
Um choro de alegria...
 Mil e um de dores.

O amor é a saudade nos meus olhos!
A boca seca de alguém,
As mãos que tremem por algum,
O amor é a imperfeição comum!

V
O amor é a distância
Entre o beijo de bom dia
E o beijo de despedida.
O amor é a saudade da vida!

O amor é a nota Sol.
É o edredom ao pé da cama.
O filme em preto e branco.
O amor sempre é chama!

O amor é o meio do livro.
É chuva de verão.
O amor é cada gotinha de sangue,
Que faz funcionar um coração.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013



IMAGINAÇÃO

Imagino nos dois aqui
Vendo o frio sentir calor
- Oh, perdão impossível,
Perdoa-nos sem pudor.

Imagino você cantando
Como a tanto não faz...
Imagino o seu abraço,
Não imagina a falta que faz!

Imagina nos dois agindo
Como antes na impulsividade
Imagino você sorrindo
Nem imagina quanta saudade!


segunda-feira, 16 de dezembro de 2013



SAUDADE SEM JEITO

E eu fui tão longe; andei tanto.
Mas tanto ainda dentro de mim.
Pisei tão fundo em passos largos
Mas passei tão perto daqui.

Pintei seu muro com outras cores
E foram tantas cores sem fim.
E mesmo longe sendo tão perto
A saudade é sempre ruim!

Olhei-te tão fundo nessa cidade
E tão fundo não pude te ver.
Batizei o mundo com essa saudade
A saudade sem fim que é você.

Só me resta lhe beijar em versos
Versar o frio que me aperta o peito.
Serás minha prosa, crônica ou poesia.
Porque essa saudade hoje não tem jeito...


sexta-feira, 13 de dezembro de 2013




CAIA TEMPESTADE

 Caia tempestade, caia! Derrame sobre mim suas lágrimas frias. Lava-me o rosto e o desânimo desta vida sem sentido, que eu já não sinto e nem percebo.  Caia em mim com toda sua fúria tempestade. Que seja gelada como a saudade dos poucos dias em que me senti vivo. Que seja constante. Que eu me sinta, ao menos hoje, menos insignificante. Que tenha razão esses meus passos que se perdem na poeira indelicada deste asfalto.
  Caia tempestade, caia! Caia para que eu me erga, e, me exalte além dos muros de concreto que a inércia desta vida construiu ao meu redor. Observo um morador de rua se encolhendo de frio, e eu o invejo. Invejo-o por conseguir sentir algo. Por sentir frio, por sentir fome, por sentir sono... E eu? Esse pedaço de coisa alguma que não senti coisa alguma. Por isso, tempestade, caia! Eu lhe imploro!!!
   Três horas da madrugada, meus pés ainda, nem perto de encontrar-me. Vago como um pote vazio e sem fundo. Vago no mundo, vazio ao fundo. Andorinha em pleno inverno, pairando sobre o marasmo do tédio. Caia tempestade, caia! Caia antes que eu caia e me misture a essa neblina crua, me perca mais do que agora, misturando-me a sujeira da rua. Caia tempestade, caia! Livre-me deste automático. Deste gosto de ácido que vem do estomago, da ânsia de um pecado que me esfrie a espinha, da falta de cheiro que hoje tem meu sangue. Caia tempestade, caia! Cai antes que alguém me ame.


terça-feira, 8 de outubro de 2013

SOU VOCÊ ATÉ O IMPOSSÍVEL

O que eu faço para afastar-te de mim em meus reflexos
Não sonhar seus lábios tão intrometidamente sem reflexo.
São ilusões sem planos tão assim, desfeitos e sem progressão.
Fúria que atrai o mundo que desola o que é perplexo.

Não posso mudar-me do que sou eu em esse filme curto
Afastar-me da desilusão de ser o seu reflexo em plano reto.
Se hoje te guardo nos segredos bem mais secretos
É por que me julguei além dos seus retrocessos.

Mas serei sem ti a fúria curta e sem volta curta e humana,
No mundo da deselegância fria que se equilibra dentre tantas.
Haverá em meu quarto um quadro seu em sintonia
Ao desarrumado das estantes desses meus dias.

Não me cabe julgar-me, assim, perdedor.
Sei que a fúria dos anjos vele-me mais do que às ondas da dor.
Então, desta fúria sem regressos e sem glamour,
Posso gravar-te em mim sem mais desânimo e sem pudor!


domingo, 6 de outubro de 2013



SOL QUE PARTE

Falta pouco. O sol já vem.
A noite foi longa, outra vez.
Você jura que volta amanhã
Amanhã não sei se te espero.

Falta pouco. O sol já vem.
Obrigado pela nossa conversa!
O seu silêncio amaciou minha alma.
Agora me sinto rio sem pressa.

E assim, corações se separam.
Mesmo com a mesma angustia
Mesmo com a urgência do afago.

Você foi cedo, antes do sol.
Então pude perceber,
Que o sol era...

E ESSE ÔNIBUS QUE NÃO PASSA

Fumaça, tédio, poeira e calçada esburacada. Conversas sem sentido, compostas de meias palavras. Falta de interesse latente em assuntos sobre o tempo. O ônibus não passa e, me sinto fora desse enredo.
    Buzinas pelo engarrafamento, buzinas pela rapidez, buzinas pelo sol batendo. São todas buzinas pela estupidez. O ônibus não passa e eu continuo mudo. Tentando passar despercebido ao contrário do ônibus tão esperado. Ventania forte que me cegam os olhos, tão pouco consigo enxergar o ônibus, que não passa. Essa agonia me consome, fico irritado... Acendo o último cigarro com uma súbita esperança de me acalmar-me nesse mar irritante, que é a espera do ônibus...
    Uma música começa a tocar, em um carro parado no posto de gasolina, que fica atrás do ponto. De repente um arrepio me toma, sinto meu coração palpitar, como se fosse pular de mim e fugir para dançar sapateado com algum palhaço. Boca seca, calafrio... – Meu Deus!!! Vou morrer aqui e esse ônibus não passa... Começo a entrar em pânico, quando por fim, reconheço a música. Era simplesmente a sua canção preferida, Então percebo que o maior problema, não é o ônibus que não passa, e sim essa saudade sem fim da sua inquietude que aquieta essa inquietude que existe em mim.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013



FLORES GUARDADAS

As flores que não lhe entreguei
Tinha segredos que mantive
Eram versos escritos em pétalas
Lembranças suas que mantive.

São segredos que não partiram em cartas
Versos ocultos para um dia qualquer
Poesias que calam minhas falas
Amor eterno a uma única mulher.

AS flores que não lhe entreguei
Que no chão ao relento deixei
Tinham marcas de vinho ainda em rolhas
Havia sonhos cravados em folhas.

Eram rosas colhidas a mão
No jardim que cultivei esperança
Não lhe entreguei minha última súplica

Por que queria guardar a última esperança.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013




QUANDO SENTIRES MEDO

Cantarei para embalar teu sono
Entre os cantos mais escuros do seu travesseiro.
Deixarei meus versos mais singelos
No ouvido frio que mais sente medo.

Enroscarei desejo no fio dos seus cabelos
Rimarei seus olhos com o mundo inteiro.
E será poesia presa em seu teto,
Para que sinta o céu muito mais perto.

Desenháreis-me inteiro na porta do seu quarto.
Uma pintura em lágrimas em forma de um abraço.
Para que quando o frio trouxer a solidão,
Lá estará minha imagem e o meu coração.



quinta-feira, 26 de setembro de 2013



INSÔNIA DO POETA

Respirou fundo. Da caneta ao mundo.
Era só um silêncio que persistia em cantar.
Cantou o mundo em um minuto surdo
Vontade do balé em pedregulhos que se recusa parar.

Das canelas arranhadas de correr pelos becos
De quem lia Drummond escondido no banheiro.
- Era só uma vontade de rimar as dores.
De curar solidão com versos sem flores.

Sigo firme com a cabeça que não para.
Ainda tenho dramas que dispensam falas.
- Se sonhos são eternos como dizem os boatos
Porque permaneço escrevendo acordado às 4?

Vago no abismo em que meus sonhos se escodem
Vago no vagão vazio onde se perdem os que não dormem.
Soa assim a lírica clássica de qualquer poeta bêbado
No enredo dos sonhos que não tive ao ficar acordado.










OLHOS ALÉM DA FUTILIDADE

Quero olhos que enxerguem a alma
Olhos que vejam além, que traga calma.
Que veja mais do que meu tênis rasgado
Que entenda meu desastre que aprecie meu descaso.

Olhos que sejam um além do seu umbigo.
Que mergulhe em meu mar, que veja o infinito.
Quero olhos a mais de qualquer futilidade.
Olhos que sem piscar desfaçam uma saudade.

Olhos que não mintam quando eu com medo insistir
Que digam apenas verdades que os sonhos pedirem
- Olhos muito além da falsidade e maldade.

Quero olhos fies as estrelas e a lua
Que jure ao mar que suas correntezas nunca falharão.
Olhos que vençam por mim o mar, os terremotos e o furacão.




sábado, 21 de setembro de 2013



GIZ DE SONHOS

Desenhei um parque na calçada
Mas era giz, não duraria nada.
Fui feliz enquanto pintava-o.
Era giz de sonhos sem falas.

A chuva veio e cedo o-lavou.
Foi se embora a roda gigante
O carrossel de amor.
- Parques de giz não duram na chuva.

Foi o sonho eterno mais curto que tive.
Minhas mãos ainda manchadas de branco
Limpavam as lágrimas do meu longo pranto.
Se foi com a chuva a magia e o meu desencanto.

A chuva que veio e cedo o parque levou,
Deixou também quadro limpo e muito giz pra usar.
E a esperança de sol que vem depois de chover
Me trazem novos parques pra brincar com você.



quarta-feira, 18 de setembro de 2013





A BORBOLETA, O FURACÃO E A JANELA

Juntou seu sol, sonhos e lembranças.
Ergueu seu vel. Entre neblina de esperança.
Desafiando o ar, o tempo é só um acaso.
Bateu suas asas como seus últimos passos.

Mandou avisar ao girassol:
- O mundo é um carrossel de rodas soltas.
A garoa só pesam mais suas asas.
A garoa só pesam mais suas falas.

Passou no cravo, beijou a rosa.
Um abraço nas orquídeas com amor.
Mandou um adeus as margaridas
Deixou um abraço ao beija-flor.

Disse que não podia esperar.
Partiria a noite no próximo furacão.
Levaria contigo uma saudade infinita
A valsa dos grilos e canção da cigarra cinza.

Antes de ir observou todo seu lar
- Uma dor no peito um choro no coração.
Fechou os olhos. Não pode evitar.
E assim foi só, o furacão.





domingo, 8 de setembro de 2013





AMO-TE

Quem cavou esse jardim em mim
Não cultivaste as flores do amor.
Neste vago, das terras férteis.
Viria o amor antes da prece.

Beijo o amor antes da flor
Porque te espero antes de tudo.
Na solidão que foi meu mundo.
- Plebeu em versos e imundo.

Clamo-te os versos em desespero.
Nem se quer treino-os em frente espelhos.
Ao julgar-me em sombra face
Amo-te hoje em toda parte.

Meu coração em toda parte,
Ocupa-se de seus detalhes.
Vaga em teus sonhos e seus desfaces.
Ama-te a vida e suas verdades.

Nem puro sou desse sangue em álcool.
Amo-te os olhos e seus recalques.
Sinto saudade do seu perfume doce,
Amo-te antes, mesmo que fosse.


sexta-feira, 6 de setembro de 2013



FEBRE, CONHAQUE E SOLIDÃO

É tanta volta, que me revolta.
Sempre paro. Não volto em nada.
- Esse mundo é uma febre dolorosa
Numa sexta, de chuva gelada.

Arrepio-me com a brisa fria
Sopram seus olhos, me levam suas falas.
- Estou sem ar, com frio e sozinho.
Não vejo dragão. Só vejo moinhos.

A minha cama – que é um alcatraz,
Soletra-me fonemas de guerra, sem paz.
No duelo em que a febre quase me derrotou
Dói-me mais o vazio que a poesia deixou.

Soam versos de febre em delírio
Conhaque puro para amenizar.
Minha poesia que é quase um adeus,
Não desse mundo. Mas dessa febre vulgar.




domingo, 1 de setembro de 2013




SEUS OLHOS

São seus olhos, eu sei.
Ao mudar os meus acertos,
Olhos de cidade acesa.
Fazem e desfazem medos.

São seus olhos, que cegaram meu passado.
Escravizou minha atenção.
Olhos ao título de poesia.
São tão eles, minhas alegrias

Olhos que não me deixam passar quieto.
Que às vezes longe tanto quão quero,
Será seus olhos meu desafeto,
Ou só meus olhos sem os teus por perto?

Olho e vejo olhos de tarde
E de repente, são olhos noite.
Já perdido, nem me percebo.
E outra vez, seus olhos cedo.

Tentar não ver, impossível.
Se, tem seu olhos e seu delitos.
Eu de longe tentando não crer,
Chegam-me seus olhos trazendo você.

Olhos que me guiam em mar de versos,
- Tragam-me seus olhos que eu lhe confesso.
Quando eu, com frio e sentindo dor.
- Faço dos seus olhos, meu cobertor!

















quinta-feira, 29 de agosto de 2013




TEU SORRISO

Teu sorriso veio mais cedo
Incomodou meu sono.
- E você sabe que é raro o sono.
Mas teu sorriso que era brisa em grão,
Hoje é sorriso. É furacão.

É lapidado no peito em mármore
Talha sua face, expõem seus detalhes.
É só sorriso que me rouba a noite
Balé de dentes. Dança da sorte.
- Será a rosa desse teu hálito. Seu sorriso. Meu arauto.

Sorria sempre meu bem!
As dores que te tocam são insulto à poesia.
Teus sorrisos são sinônimos da boêmia.
São pontes sobre riacho calmo
- Teu sorriso é a opera de um anjo calado.





terça-feira, 27 de agosto de 2013




MANACÁ, SOMBRA DE MISTÉRIO

Cavar terras com as mãos
Plantar de ti solidão.
Colher do sol o que tens em mar
Tirar da fragrância o ar.

Ser o que jamais foi
Ao voltar o que eras depois.
Voltar sempre depois do adeus,
Manacás são os filhos dos teus.

Herdar o que sempre teve
Jardineiro de sonhos sem fim.
O que lhe acalma em vistas assim,
É o sono que não pode dormir.

Ao recitar em seu banco,
E assim bancar os teus versos.
Tuas sombras és o mundo
E o seu mundo é o que espero.



terça-feira, 20 de agosto de 2013



POESIA

Poesia é passear com a lua
Sem tropeçar nas estrelas.
Caminhar em jardins
Sem deixar de saudar as rosas.

Poesia é uma prosa sozinha
Sala de star na cozinha.
A vida que é sempre nossa,
É a bossa que é sempre nova.

Sorriso que vem de intruso,
Vinho sempre de vez enquanto.
É navegar no marasmo de um rio
É se apegar ao desapego de um anjo.

Poesia é o resto de suco na geladeira
É vibrar com o jogo do Galo.
É sorrir ao abrir a carteira,
E descobrir alguns poucos trocados.

Poesia é o que te conto calado,
Sorrindo os teus olhos de espanto.
É dúvida do teu pensamento,
Quando pergunto: - o que está pensando?




domingo, 11 de agosto de 2013



NÓ QUE NÓS SOMOS

Afofar algodões,
Amontoar corações.
De que vale à bravura
Na ausência da ternura?

Somos sóis solidões,
Sem temermos razões.
Já me vale à pergunta
Que inspira canções.

O que me fica parte.
O que de inteiro se vai.
Seremos sóis criatura
Do mundo que se esvai.

Incendiar nosso abismo
Preservarmos à paz.
Adormecer no instinto
E, seremos capazes.







sexta-feira, 9 de agosto de 2013




                         (S)
O POETA E A SIMPLIC/IDADE

Mesma blusa, calça ou calçado.
Sem pretensão de ser descolado
Mesmo olhos que sorriem ao te ver
Serei poeta só quando eu morrer.

Passando imune à população viril
Com jeito tolo de andar senil.
Sou presa fácil de mundo qualquer
Mas amo os que amam a mesma mulher.

Confrontar machismo de seja quem for
Ocultar abismo do mesmo que sou.
Só serei poeta quando me for.

Mesmo em verdades que juro mentiras
Dentre todas às presentes despedidas.
Só ficaram meus versos de suas partidas.





quinta-feira, 8 de agosto de 2013





A NOITE O SOL E A SOLIDÃO

Esperei Sozinho para aplaudir o sol
Mas ainda era noite. Nem pude perceber.
Estava eu coberto em meus lençóis.
Meu coração dizia que eu devia crer.

(Tristes são as noites que caminham com correntes.)

Concentro-me em qualquer ruído
Escuridão que fantasia medos.
Qualquer grito hoje será canção
Noite que é longa, curto eis meu coração.

(Cante logo ave e anuncie minha redenção.)

Mando recado às estrelas que restam.
Não ouço resposta ou confirmação
O silêncio preserva o sereno cruel
A noite são lágrimas que pairam no céu.

(Sol que beijam minhas feridas e trás consigo contradição.)

Só posso guardar minhas palmas
Matar minha fúria em oração.
Que fique essa noite fria,
Minha alma é âncora de solidão.


quarta-feira, 7 de agosto de 2013



MEUS OLHOS

E os meus olhos agora se fecham.
Não lhe acompanha o valsar dos ventos.
Mesmo com pálpebras enfeitadas de você,
São olhos mudos sem versos a dizer.

Entretêm-se sozinhos ao desviar-se do horizonte.
São olhos mancos sob seus montes.
Olhos que só contam até três.
São só lamentos do inverno que fez.

Não tem histórias. Já se acomoda,
São outros olhos na sua cômoda.
Lacrimejam vermelhos. Marcam seu piso.
Olhos inúteis, não mais precisos.

E a piedade que tens de oferenda
Só velam os olhos e não os remedam.
São meus olhos frios e tão sem chamas
Que queimaste a rosa sobre tua cama.

São nossos olhos em duelo acirrado
- Mato meus olhos, ponho-os ao teu lado.
Neste seu mural de dores vencidas,
Ficarão os meus olhos e a minha partida!





segunda-feira, 22 de julho de 2013



PENSAMENTOS EM ONDAS

De fato, o mar, entre tanto
Por entre nós tem enganos.
Fez destes traços sem planos,
Navegar sem rumo, sem pranto.

Desfazer-se de nossas velas,
Ser poeta sem mazelas
Me desfazer do mundo sem janelas.
Abrir prisões, ver futuros.
Moradias só sobre muros.

Sorrio assim sem teto.
Brindo o mundo sem tédio.
Dentre mares eu ergo prédios
- Nem sou como fui.
Sou sim, como eu quero!

Renascem vidas sem esperas,
Padecem assim promessas.
- Assim eu morro como um dia vivi.
Vivo como um dia ei de morrer!

Que haja festa menos fúnebres,
Como aquelas que um dia existiram.
Nos anos ingratos que se perderam.
Dos presentes sem presente gratidão.

quinta-feira, 18 de julho de 2013



VERSOS SEM MÉTRICAS

Senti, e não foi por mim.
Talvez sua brisa passasse
Ou, essa sombra sem fim.

Esse balé sem molduras
Ou esse sonho de ti...

- É o que eu tenho, sim!
Não por colher e ser,
Mas por não saber não ser.

Esse esboço despretensioso
Sem caprichos de qualquer.

Falta métrica em seus descasos.
Fiz da minha falta de uso,
Um altar no vão dos seus braços.

E é tanto que fizeste sem fazer
Que não há preenchimento no lugar.

Então mude o que mudaste sem mudar.
Assuma o descompasso que causou.
Volte e der razão ao meu olhar.


segunda-feira, 15 de julho de 2013





RUA DA BAHIA

Tardia noite, como a manhã.
Versos perdidos de suas calçadas.
Cintilar de copos de uma sexta,
Conserva sorrisos. Amansa incertezas.

Honra. Para nos é, seguir Drummond.
Ao perder-te em seus encantos
E namorar-te as lembranças.
Tuas esquinas transpiram danças.

sexta-feira, 12 de julho de 2013






FOLHAS NO JARDIM

No jardim, que há tempos não ia.
Senti tuas folhas tocando meu rosto
Vi o seu sol assim sobreposto
Iluminar com vida minha poesia.

Pés descalços na terra gelada,
Perdi o medo de achar espinhos.
Entreguei ouvidos aos passarinhos.
Acordei sonhando e não temo nada.

Quero brincar no balanço mais alto
A altura não mais me intimida.
Não me importo se virão feridas.

Quero ver coelhos em nuvens,
E não ligo se dizem que não é algodão.
Admiro as folhas secas caídas ao chão.




quinta-feira, 11 de julho de 2013



Seja,
Como for,
Amor.
Seja flor.
Não dor.
Deixe o resto.
Não eu.
Diga: oi!
Nunca,
Adeus.

terça-feira, 9 de julho de 2013









ENSAIO SOBRE O VAZIO E À INSIGNIFICÂNCIA 

Desço as escadas do ônibus, como quem chega a uma batalha. 
Sigo os ladrilhos da calçada, percebo então que já não sigo nada. 
Observo tudo, e desta vez, sem indiferença. 
É um vazio em tudo que me esfria a alma 
Mas hoje, existe mais clareza nessa multidão. 
E é essa certeza, de está vendo tudo. 
Que me trás o medo e me deixa mudo. 

Vejo tanta gente parecida comigo 
E mesmo assim, não me sinto pertencente a nada! 
Sou um vazio dentro do vazio de algum vazio de qualquer lugar. 
Sinto isso às vezes em outras pessoas 
E essa gente parece não ligar. 
Talvez seja coisa atoa, talvez seja o nosso olhar... 

Chego até ao bar da esquina. O mesmo que eu já não frequentava, 
Fazia um bom tempo. 
Pergunto sobre o Sr.. Valdemar. - Garçom que sempre me atendia com simpatia. 
Recebo então a triste notícia de sua morte: já faz alguns anos. – Me informa o rapaz. 
Instantaneamente, uma tristeza me consome. 
Lembrei-me de tantas vezes, nessa mesma mesa. Eu escrevendo versos 
Com tantas certezas. E hoje não há mais você. E eu? Ainda não sou nada. 

Não sabemos o motivo de estarmos aqui 
Não sabemos nem se tem algum motivo. 
Vamos então vivendo. Ignorando pessoas, ignorando a nos mesmos.
Até que chegue a nossa partida e vamos ser apenas 
A surpresa da resposta, quando por nos, alguém perguntar. 
Irão ficar tristes por alguns minutos. 
Alguns, quem sabe, até irão chorar. 
Amanhã, já será passado. Já será vazio em outro lugar. 

Retiro da mochila um caderninho velho e começo a escrever. 
Como se isso me ajudasse a entender tudo 
Como se fosse fazer alguma diferença para mim, ou, para alguém. 
Ergo o braço para o garçom, ao perceber que eu já estava ali, faz tempo. 
Perdido nos meus pensamentos tolos sem fazer nenhum pedido. 

Quando chega o vinho, já estou em meia folha. 
Passaram-se meia hora. E nem ao meio, se quer, me sinto. 
Fico ali, brincando com as palavras. 
Ignorando o mundo, como assim, me sinto. 

Um casal senta-se à mesa ao lado. 
Posso sentir os seus olhares pesando em mim. 
Julgando a minha solidão, se achando tão superiores. 
Vazios! Eu sei que também são. 
Como todos nesse bar, como eu, como o garçom. 

Pintamos esse quadro de prepotência em nossos rostos 
E vivemos todos tentando nos enganar. 
Mas no final, somos só brisa que passa. 
Ausência que será preenchida 
Como um dia fizeram com o Sr. Valdemar. 

segunda-feira, 3 de junho de 2013





AOS AMIGOS QUE FAZEM FALTA 

Extraio de mim lembranças de um verão qualquer
Pensamentos que se perdem em um papel
Vão se as gotas de saudades bobas
Vencem o muro de um quintal sem fé.

Eu tenho tido tempo de mais, sabe?
Arrisco-me as vezes a não me culpar.
É que eu andei tão perdido em nada
Que acebei não encontrando você.

E essa tarde que ameaça chuva...
-Lembra quando não ligávamos para isso?
Pois é, meu amigo...O tempo passa!
E eu aqui, só me sinto mais velho sem você.

Ainda temos segredos velados
E mais do que nunca serão segredos.
Sem você todas as garrafas terão fundo
-Já o meu peito...

Perdoe-me por tudo aquilo que já disse.
E mais ainda, por tudo que deixei de dizer.
Só senti hoje um pouco mais sua falta
Arrependimento mesmo é no que deixamos de dizer!


segunda-feira, 27 de maio de 2013





PUDERA
Pudera eu ser como a doce cafeina
Que lhe toca os lábios
A manhã tão sua que lhe toca a pele
Derramar minha vida pra matar sua sede.

Pudera eu em teu corpo, assim,
Mesmo desajeitado
Desenhar-me em mapas e marcar traçados
Calar-me o pranto ao sonhar acordado. 

Pudera eu assim, mesmo que sem querer
Roubar tua boca sem você ver
Desfilar pelo mundo e fingir ser você.

Pudera você com alças de ouro
pendurada em meu quarto
Dormir em teus olhos,
Acordar em teus braços!

terça-feira, 7 de maio de 2013






DOMINGO NO PARQUE

Acampar em gramas
No seu coração jardim
É o mais longe do mundo
É o mais perto de mim.

Abraçar-te em versos
Versar-te toda em mim
É sorrir o mundo inteiro
Ver o mundo inteiro sorrir.

Brindar vinho em nosso campo
Fazer da terra o nosso altar.
É ter nós em nossos braços
É ouvir o Galão ganhar.

Risos soltos no canto do rosto
De canto em canto se acha um lugar
É se achar em um pé de arvore
É curti um domingo no parque.   





quarta-feira, 24 de abril de 2013







PRAÇA DA LIBERDADE

Minha terra de palmeiras fartas
Que se embaçam na visão da praça
Nos olhos que dissolvem lágrimas
É o balé da lamparina da sala.

E ninguém enxerga como eu
Esse mundo que nunca foi meu.
O meu constante boa noite
É só uma prévia do adeus.

Há alguém que não apressa o passo
E aguarda prosa, versos e abraços.
Com o cilíndrico verde vinho
No corredor de palmeiras sarcásticas.

Se Caetano soubesse dos seus segredos
De seus canteiros, desse coreto.
Sampa seria tão vil.
Poesia é Bahia até avenida Brasil.

sexta-feira, 12 de abril de 2013






CAMINHADAS

Entre a multidão fantasma
Gritos, jazz e mais nada.
Solidões cotidianas de estrada
Vento que sopra o vazio das falas.

O seu vizinho é mais só.
A sua razão é só moinho
Já não faz mais sentido
Todos tão só, todos tão sozinhos.

Abraços amanteigados
Desvia-se, se desfazem.
Vou como sempre fui
Volto como nunca quis.

Meu corpo é uma extensão do asfalto
Onde sapateia o mundo
Habitualmente com seu salto alto.
São passos largos sempre tão fundos.