terça-feira, 25 de dezembro de 2012





          CIRANDA 

Então, você vem e fica. 
Muda o tempo que agora para 
Para o mundo que já não gira 
Gira meu peito que já não para. 

Com seu silêncio prolixo 
-Parábolas de mesa de bar. 
Teu sorriso de enigmas 
São poesias escritas no ar. 

Eu infantilmente me perco 
- Nem sempre posso encontrar-me 
Confusões de um coração com danos 
Nem sempre possíveis reparar. 

Você vem e beija minha desesperança 
Transforma o drama em dança. 
Nessa ciranda de corações alados 
Somamos passos, somamos abraços! 


quarta-feira, 12 de dezembro de 2012







            O GRITO 

Vai o grito além do previsto 
Vai beijar o mar e o infinito. 
Atravessar o céu. Atravessar o universo. 
Vai acordar estrelas; vais eliminar o tédio. 

Sentir-se livre de algemas 
Vai diluir sorrisos. Poetizar dilemas. 
É o grito da consciência pálida 
Que se pinta na tela do tormento. 

Nas veias deselegantes do braço 
Pulsa o sangue de gosto amargo 
O desbotado vermelho anêmico 
Bomba o coração cansado. 

Grito! Declamo assim meus versos 
Não encontro ritmo no sussurro
Nem calma em jardins dispersos.
Sou grito perdido e sem regresso! 




quarta-feira, 5 de dezembro de 2012





NOVOS SONHOS

Faz uma rima para mim 
Que tenha gosto de chocolate 
Que tenha cheiro de jasmim 
Que tenha início e nunca fim. 

Desenhe para mim um céu diferente. 
Que não tenha só Três-Marias, 
Que tenha João, José e Vicentes...
Desenhe em mim um céu diferente.

- Que o prazer seja o de chocolate! 
O mundo inteiro é um coração que pede: 
Que tenha flores como em todo o parque. 

Despidos de nossos trajeis velhos 
Dos bailes fúteis que nunca fomos 
Aguardemos os novos sonhos! 

terça-feira, 4 de dezembro de 2012





SAUDADE 

Um minuto mais no meu monólogo, 
Nada que esfrie o café... 
Vai o pensamento com o vento 
Volta o vento, mas não traz você. 

Um minuto! Um pontinho de paz? 
Sessenta infinitos de saudade! 
Onde estão seus pés que fazem falta, 
Onde te levaram que não te trazem? 

Na minha abstinência de você só há uma cura 
É matar todos os dias que me matam sem piedade. 
Um minuto sem te ver é uma tortura. 
Sessenta segundos de pura crueldade! 

Vento que trouxestes teu cheiro sem eu pedir 
Que pinta a tua imagem em toda parte. 
Que leve até você esses meus versos 
Que hoje só refletem a saudade! 

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012





MUNDO REAL 

De tanto ser pouco aos pouco vim ser tanto 
No entanto, vi o mundo, e não vi tanto. 
Vi desengano em todo canto. Não pensei 
Ser tanto pranto. Vi seus olhos de desencanto! 

Desesperei-me por pensar: estava só nesse lugar! 
No peito batia oco. – Que mundo é este? – Me pus a gritar. 
Vi gente séria, desenfreada sempre com pressa. 
Vi tanto cinza, não vejo árvores, nem mais serestas... 

Eu, que sonhei com tanto e acordo com tão pouco. 
Vejo mundo feito de tanta gente sem graça. 
-Esqueceram a graça que tem em fazer graça. 

Pobres gigantes tolos e sem graça! 
Prefiro meu mundo de conto de fadas, de arco-íris. 
De nuvens de algodão e de gigantes felizes!