terça-feira, 30 de outubro de 2012





INSEGURANÇA 

Fui eu quem acendeu a luz.
Vi estrelas se desfazendo
E a lua tímida que se escondeu.

-27 anos e há insegurança em carne nua.
 Não suporto mais noite fria.
Eco ensurdecedor que o silêncio faz.

Deixe a porta entreaberta
E diz que fica tudo bem!
Pugnas de minha vida secreta!

Todo ar dos pulmões
Reunidos pra gritar.
E o silêncio me espanca de vez...

Fogem todos que lutaram ontem.
Estou sozinho sem artilharia!
Mãos atadas, reação tardia.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012






LE PITRE 

Tenho me desmontado tanto
Que às vezes me perco.
Não sei onde é dentro ou fora...
-Remonto-me de outro jeito.

E fica esse ensaio sobre coisa alguma.
Um francês mal pronunciado,
E um sorriso mal dado.

Mal dado...
Moldado...
Mas... dado!

Concentro todos os músculos da face
Obrigo-me à sempre sorrir
Convenço-me à felicidade
-E ela passa a ser!
  
Convenço-me...
Convenho-me...
Contento-me!

É que a tristeza traz certo glamour!
Mas prefiro ainda
Minha maquiagem de palhaço.

- Sei que a pintura
Dissolve-se com lágrimas,
E que o nariz vermelho não é meu.
-Mas os sorrisos conquistados...

Às vezes é preciso ser alegre
-Mesmo estando triste
Às vezes é preciso ser!

É preciso ser, pra fazer!
É preciso fazer...
É preciso crer!

domingo, 28 de outubro de 2012






SEGUIR, SEGUINDO, SEM SE CEGAR.

Silenciar o silêncio
Que insiste em silenciar
O silêncio que eu sou.

Não despertar o despertador
Que me desperta
Quando tão disperso estou.

Não impedir
O que me impede
De impedir impiedoso amor.

Não soluçar os soluços
Das solidões
Que já solucionou.

Só semear os que semeiam
Sem meio termo
Sempre o amor!

sábado, 27 de outubro de 2012





VAZIO , FALTA...

Nesse tempo todo
Que o sol fica ausente
Não há melhor presente
Que te ter aqui presente.

Não presença física.
-Essa é só de vez enquanto.
Mas tua imagem, gosto e cheiro,
Encontro em mim em cada canto.

Se eu pudesse explicar
A loucura que eu sou...
Cada verso meu é um poema
De contrastes e amarguras sem pudor.

Ignorando regras, métricas e simétricas.
Vou me decifrando,
Compreendendo porquês.
Mas nunca entendendo a falta que é você

Seria falta de você, ou falda de mim mesmo?
Já não sei onde termina, o eu, e começa você.
É nessa mistura louca, de sol, lua e chuva...
Sou sempre a estrela solitária no meio da rua.

Às vezes questiono se esse vazio é só meu,
Se alguém se senti assim também...
Sou o cara só, esperando o trem que nunca passa.
E quando passa, não para. Se para não traz graça.
Quando tem graça, nunca é de graça.

Sei que sinto uma falta imensa de você.
Mesmo não sabendo,
Quem ou o que é você.
Só sinto falta, e não sei do quê.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012







TEMPO

Há tanta falta de tempo
No pouco tempo que tenho
Que acabo perdendo tempo
Pensando no tempo que não tenho.

É o tempo que anda sem tempo
Perdendo tempo, e se perdendo...
Os que reclamam da falta de tempo
Tem muito tempo pra perder tempo.

Quem voa no tempo
Perde o tempo de voltar
E acaba perdendo tempo
No tempo perdido de algum lugar.

De tudo que se perde no tempo
Nenhuma faz tanta falta
Quanto o próprio tempo
Que se vai e nunca volta!

terça-feira, 23 de outubro de 2012







JANELAS DO PEITO

Feche as janelas do peito
Compreenda-se por inteiro
Compreenda o vazio...
Preencha o vazio...

Feche as janelas do peito
Arrume a casa antes de o sol entrar
Compreenda o espaço desocupado
Compreenda-se, surpreenda-se!

Feche as janelas do peito
Decore a sala de star
Regue as flores do canto
Cante e encante o lugar!

Feche as janelas do peito
O que é bom não entra por ali
Chega sem hora marcada
Mas trás um sorriso sem fim!

Fecho as janelas do peito
Mas antes, te deixo entrar.
Espero que não repare a bagunça,
É que estou reformando o lugar.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012







SEM CALMA NÃO HÁ CALMA

É preciso ter calma pra ter calma
Tem que ser sábio pra saber
Quem muito cedo perde a calma
Só muito tarde vai entender!

Todo segredo é só uma vontade
Oculta de dizer!
Pensamento sem freio e sem dono
Que gosta mesmo é de sofrer!

Tudo bem, se não tem bem,
Que te faça tão bem
Se o maior bem,
É o que valoriza o maior bem que tem!

Você é o melhor que tem.
Melhor que ti, não há ninguém!
Se cria e cultiva os caminhos
Só você mesmo conhece o destino!

terça-feira, 16 de outubro de 2012







POETAS

Quem sabe esses olhos,
Não te contaram de mais.
Você tão descrente,
Nunca pensou ser de mais.

É que poetas mentem meu bem!
Mentem com a fala,
O que entregam com os versos.
- É um fingidor da realidade falsa!

Na minha pobre oficina de rimas,
Que sempre falta uma peça ou outra.
- É um improviso de esquina a esquina,
Usando todas as letrinhas da sopa.

Sou todo poeta simples,
Na grandeza da simplicidade.
Confundindo-me, e também aos outros,
- Dá tristeza à felicidade!







INVERNO

Inverno frio, em contraste.
Com calor interno.
E acham que sou louco
Por ver beleza clara
Nessa fria natureza pálida.

Na elegância sublime
Dos paletós amassados
No atrito tão doce
Do abraço apertado
Frio unindo corações ausentes

E o que seria de minhas mãos geladas
Sem as suas tão quentes.
O que seria do meu peito frio
Sem teus beijos ardentes.
Ah... Doce dama de amor efervescente!

Faz dessa minha noite cinza
Ser o cinza mais belo
Ser vitima em teu colo
- É o que eu mais quero.
Anseio ser merecedor desse amor sincero.



quinta-feira, 4 de outubro de 2012





SEM DUVIDAS

Às vezes, grito é canto.
E todo canto é seguro, porque é canto!
Então não se preocupe com o enquanto
Porque do mundo já vale teu canto.

Às vezes não nos resta fazer.
É o simples fato de deixar acontecer
Não à água corrente
Que se poça reter!

Eu sou esse inteiro de verdade!
Mas a verdade não é sempre metade?
Então que seja toda dor
Só um principio de saudade!

Que reste sempre em ti
O suficiente para começar em mim
O principio desse sonhe que não tem fim!
Sou tudo em você e nada em mim!



quarta-feira, 3 de outubro de 2012







METRÔ

E mais um olhar se perde
No cristal do vagão lotado
Mais uma mente em guerra
- Presente, futuro, passado...

Na realidade paralela
Dos pescoços virados para o lado
Paira duvida no ar que não circula
É o divã do metrô lotado!

Há sempre aqueles,
Que traz consigo uma literatura.
Na esperança sábia,
De fazer prisão ao pensamento.

Mas filósofos,
São os que se perdem na paisagem
Que permanecem ali, imóveis,
Indiferentes à realidade.

Dali surge:
Versos, rascunho de cartas,
Futuras despedidas,
Expectativas de chegada...

E o metrô segue seu rumo
No mesmo trilho que sempre lhe guia.  
Transportando mentes inquietas
Na agoniante rotina dos dias.

terça-feira, 2 de outubro de 2012






O OUTRO  LADO DOS VERSOS

E ele que sempre versou solidão,
Andarilho das vielas amargas
Viu sua constante amargura
Se desfazerem como se fossem nada

Sentiu em seu peito adormecido
Surgir uma batida diferente
Era a esperança brotando das artérias
Acompanhado de um sorriso efervescente.

Que não seja só um enredo
Nem pretérito mais que perfeito.
Que tenha a lua sempre cheia
Que seja o fim dos nossos medos.

E ele que faria tudo pra dormir
Hoje vai idolatrar a insônia
E vai passar toda a madrugada
Escrevendo versos pra ti!