sexta-feira, 27 de junho de 2014

Acho que não sou do tipo de pessoa pela qual os outros se apaixonam. Sou silêncio, discrição. Um carinha que mora logo ali, que passa calado, faz suas compras no mercado e sempre leva uma ou duas garrafas de vinho. Sou uma brisa suave e sem ruído. Posso tocar-te o rosto, mas não o suficiente para abalar-te os pelos do braço. Sou um rio que que segue ao acaso e ao acaso seco-me antes de de chegar ao mar. Triste, minha amiga? Eu sei que sim. Mas como eu, existem outros milhares que passam sem ser notado. Que vão a cinemas sozinhos. Que compõem canções e as ensaia frente ao espelho, imaginando se um dia, elas serão tocadas em algum ouvido interessado. Caras com eu se embriagam lendo poesias. Não conversa em baladas. Tão pouco vai a alguma... Caras como eu preferem a grama, preferem o parque. Sentam-se escorado em uma árvore e leem Dostoiévski, Fernando Pessoa, Leminski... Caras como eu tem Drummond como ídolo, não o Neymar. Caras como eu andam calado, olhando para baixo e se deixa distrair por qualquer perfume que tenha cheiro de alma de flor. Caras como eu choram até com propaganda de cachorro, shampoo para criança... Caras como eu usa a escrita para enganar a solidão...


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