segunda-feira, 5 de novembro de 2012




NO CAMINHO ENTRE O QUARTO E O ESPELHO DO BANHEIRO

Hoje releio o que escrevi no passado
Tento calcular o tamanho do estrago.
E nesse mural de angústias que construí em meu quarto
Percebo a total insanidade dos meus pensamentos.

Hoje, somente por hoje.
Não procurarei a mesma solução etílica,
Contentei-me em manter mentiras.
Mentiras na qual eu nunca acreditei, mas com elas me reinventei.

Hoje me olho nesse espelho rachado...
Posso ver a idade se fundindo com acerbidade.
E graças às mentiras sinceras,
Acho em meio à terra uma fresta por onde posso respirar.
Manter-me vivo!
Ao menos por ora, não pensar...

Hoje meu par na valsa não é mais a saudade...
É esse pequeno resquício de lucidez
E nele me algemo mais uma vez
Com a esperança de que a tempestade de outrora
Não o faça ir embora.

Hoje sou o resumo das noites de café forte.
Da felicidade atirada à sorte
Dos momentos na linha tênue
Entre a vida e a morte.


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