O LÍRIO, O POETA E
O JARDIM
l
Toco-lhe a face
como quem toca uma flor
Tentando caricias
sem que lhe tire pétalas
Sou esse eu que te
protege de mim
Das minhas
angustia e proposital solidão.
Beijo-lhe os
lábios como quem assopra uma sopa
Desejo senti-la,
sem que derrube-a ao chão.
Sou esse eu que
lhe provoca o afago
Sem que às minhas
ânsias nos roube a razão.
Faço de nós a distância
que se desfaz
No encontro de
almas, braços e tronco.
Em um primeiro
passo de valsa e encanto.
Seremos nós, a
clássica inspiração.
Dos poetas que um
dia descreveram
Às estripulias de
dois corações.
II
Quantos sóis cabem
em um único jardim?
Terei eu, mãos
suficientes, para cultivar lhe,
Às folhas que lhe
garante a beleza,
Dignas de longas
poesias sinceras?
Ah lírio! Lírio
que tanto canta e encanta.
Que andaste sempre
nos versos calados
Eterna culpada da
amiúde insônia serena.
Do poeta que lhe
eterniza na ponta da pena.
Um dia, mostro-lhe
no impulso do desespero,
Às rimas com seu
nome no meu peito
Os versos em
vapor, no espelho do banheiro.
Um dia, laço de
algum jeito aquela lua,
Que de intrusa,
nos espiava lá de cima.
Deixo-a de
surpresa na tua rua.
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